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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Chantecler-Uma História

Por: Biaggio Baccarin. Fonte: warnermusic.com.br
Edição: Jorge Luiz da Silva. Fotos: Google.com.br


NASCIMENTO DA CHANTECLER:

Desde a década de 40, a empresa Cássio Muniz S.A. foi uma grande loja de varejo e atacado, fundada por Cássio Muniz, em 1915. Com a vinda da RCA VICTOR para o Brasil, em 1930, esta, depois de instalada e não tendo condições de fazer uma ampla distribuição de seus produtos em todo o País, procurou o velho Cássio Muniz para distribuir seus discos, rádios, vitrolas, peças eletrônicas e posteriormente televisores.

O casamento durou muito tempo, mas a corrupção na fábrica da RCA, em São Paulo, acabou fechando a fábrica de televisores.

A fábrica ficou com os discos e Cássio Muniz continuou com distribuição.

Com o advento do long-play, no final da década de 40, nasceu uma nova era para a produção fonográfica. Como se sabe, o long-play, com rotação de 33 1/3, foi criado pela Columbia. A RCA, não querendo ficar para trás, criou o extend-play de 45 RPM, um disco de sete polegadas com grande orifício no centro. Apesar da qualidade de som ser superior ao do LP, no Brasil não pegou porque, para tocá-los, precisava-se de um toca disco especial. Estes toca-discos podiam reproduzir até 10 discos. Acontece que, ao começar a rodar o segundo disco, ele começava a patinar. Até resolver esse problema técnico, o brasileiro se aborreceu e não quis saber desse formato discográfico. Para substituir esse formato foi criado o compact disc de sete polegadas, rotação de 33 1/3, com uma ou duas músicas em cada face, assim como o extend-play. Mas também não durou muito tempo.

Depois de um pouco de história fonográfica, vamos chegando ao aparecimento da gravadora CHANTECLER.

Por volta de 1956, a RCA resolveu distribuir seus próprios produtos. Depois de várias negociações com Cássio Muniz, aconselhou esta a lançar sua própria gravadora tendo em vista que já havia uma máquina montada e reunia todas as condições para ser vitoriosa. Buscou-se em uma grande agência de publicidade para pesquisar e encontrar um nome para a nova gravadora. O nome escolhido foi CHANTECLER. No começo houve alguns problemas com a Pathé francesa por causa do galo. Mas a divergência foi logo superada e o galinho cantou durante muito tempo.

Assim, no começo de 1958, começaram as primeiras produções tendo como diretor artístico Diogo Mulero ( Palmeira ) . Naquela época ainda não tinha a moda do produtor. O Palmeira formou vários duplas sertanejas, como: Palmeira e Piraci, Palmeira e Luizinho e finalmente Palmeira e Biá, com quem gravou o grande sucesso “Boneca Cobiçada“. Era uma pessoa de poucas letras, mas muito inteligente e tinha o faro do sucesso. Foi também um grande compositor não só de música sertaneja como também de música popular. Tocava violão, viola e cavaquinho. Talvez tenha sido com ele que começou a mudança de música caipira para música sertaneja.


A Chantecler nasceu com o objetivo de revelar novos artistas. Pela própria formação do seu diretor artístico, a linha de produção implantada estava voltada mais para um repertório popularesco, também chamado de brega. A 16 de Agosto de 1958 era lançado o primeiro suplemento da nova gravadora. O LP número um foi “Lampião de Gás“, reunindo doze sucessos da época, entre eles “Cabecinha no Ombro”. Os arranjos e orquestra estiveram a cargo do maestro Zico Mazagão.
O disco recebeu o nº CMG-2001, cuja sigla significa Cássio Muniz Gravações. Foram dez LPs e dez discos de 78 RPM.


O primeiro cantor contratado foi Heleu Araújo que gravou o tango “Capricho Cigano”. A nova gravadora nasceu com boa estrela, pois o primeiro disco em pouco tempo já era sucesso. Infelizmente esse cantor teve uma carreira muito curta, mas o suficiente para um histórico LP (nunca relançado).

José Orlando foi outro novato que, além de gravar um LP com vários sucessos da época, gravou um disco de 78 RPM com o tango “Somente Tu”, de autoria de Luiz de Castro. Esse disco vendeu mais de 50 mil cópias e ele deixou um bom repertório na gravadora.


Cláudio de Barros também estreante, gravou de sua autoria o tango “Cinzas do Passado“, também um grande sucesso. O curioso é que esse tango não tem
segunda parte e nenhum crítico da época percebeu isso. Outro grande sucesso desse cantor foi “Teu Desprezo“, um rasqueado de sua autoria. Gravou três LPs e vários discos 78 RPM. Renato Guimarães foi outro artista que teve curta carreira, mas deixou um grande sucesso “Poema“ um bolero de Fernando Dias.


Waldick Soriano deixou uma dezena de LPs sendo que na Chantecler é que estão as suas melhores obras. Entre elas estão: “Quem és Tu“, “Fujo de Ti“ , “Tortura de Amor“, “Justiça de Deus“ e outras. Antes de sua morte eu falei com ele que me disse que gostaria de ver esses discos reeditados. Aproveitei para pegar sua assinatura em um novo contrato com a Warner. José Augusto (já falecido) gravou uma dezena de LPs e todos eles com expressivas vendagens, com destaque para: “Beijo Gelado“, bolero de Rubens Machado e “Sombras”, versão de um tango transformado em bolero. Desde o início da Chantecler, Wilson Miranda gravou vários discos de 78 RPM e vários LPs, com destaque para um LP de Bossa Nova, com arranjos e regência de Roberto Menescal. Nesse LP ele foi o primeiro a gravar “Minha Namorada”.

Luis Bordon foi outro nome importante nesta primeira fase da Chantecler, ao gravar o LP “Harpa Paraguaia em Hi-Fi”. Foi o primeiro LP somente de harpa, pois nem no Paraguai havia semelhante registro. O LP vendeu mais de 60 mil cópias, isto em 1959, o que para a época era uma grande vendagem. Em seguida veio “A Harpa e a Cristandade” lançado em 1960. Estima-se que este disco, ao longo do tempo, vendeu mais de cinco milhões de cópias. Com o sucesso de Luis Bordon veio uma onda de harpistas paraguaios, mas ninguém conseguiu superá-lo.

Outro músico que deixou sua marca registrada na Chantecler foi Poly (Ângelo Apolônio). Ele era maestro e compositor, bem como tocava violão, cavaquinho, bandolim, guitarra elétrica e guitarra havaiana. Neste seu LP na Chantecler, ele executa todos esses instrumentos, um disco antológico que nunca foi reeditado. Mas o grande sucesso dele na Chantecler foi o LP “Noite Cheia de Estrelas“ com solo de guitarra havaiana. Ele gravou outros LPs na gravadora com este mesmo instrumento. Gravou também vários LPs com guitarra elétrica, com destaque para o LP “Baião do Suco, Suco“ e “Moendo Café“. Ainda vale lembrar que ele vendeu todos os seus direitos patrimoniais para a Chantecler e Continental. Esse contrato foi registrado no Cartório Medeiros de Títulos e Documentos.


Aimoré foi outro grande violonista e compositor, amigo e companheiro de Garoto e Poly. Gravou apenas um LP na Chantecler com obras dele e de Armandinho .


Antonio Carlos Barbosa Lima era um violonista concertista com residência no Brasil e nos Estados Unidos. Gravou 10 LPs na Chantecler.

O primeiro disco foi “ O Menino e o Violão” e entre seus discos destacamos
“ Modinhas Brasileiras “ e outro com obras de Catulo da Paixão Cearense.

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